sábado, 10 de janeiro de 2009

Tédio


"Lentos como sombras, os dias escorrem.

Teimam em contrariar a mudança e sucedem-se iguais, oscilando entre o matraquear de teclas e os silêncios que me entram em casa por portas e janelas entreabertas.

Escorrem cinzentos, dias cor de chumbo, silenciosos e abafados como a chuva envergonhada de hoje.

Tragam-me tempestades, raios e trovões, dias azul eléctrico, noites púrpura, madrugadas súbitas e inesperadas.
Tragam-me velocidade, embriaguez, incertezas, quedas, tragédias, desgostos de amor.

Deixem-me suspensa numa vertigem de abismo, ou quebrada no meio do chão.

Façam-me rir ou chorar como um palhaço.

Tudo menos esta exaustão de tédio."

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1 comentário:

Anónimo disse...

amei o poema! lindo!
ass: Clarissa